quarta-feira, 1 de agosto de 2012

onde está Godot?


Fui à Dublin atrás dos traços do meu escritor Samuel Beckett. Mas eles são discretos, discretíssimos. É preciso advinhá-los, talvez até mesmo exumá-los como se fossemos grandes detetives. Beckett tinha horror à publicidade, fugia de tal maneira das aparições públicas que até a cerimônia de entrega do prêmio Nobel que ganhou em 1969 ele esnobou.

Começar pelo local de seu nascimento seria o mais lógico. O problema é que sua casa de nascimento não existe mais e a que ele viveu na adolescência é habitada por pessoas ordinárias que, digamos, também não gostam de câmeras nem holofotes. Conclusão: impossível conseguir dar uma entrada na casa…. poxa, nem na portinha?

No Trinity College (de 1592, fundado pela rainha Elisabeth I), onde ele estudou, foi professor e ganhou medalha de ouro em literatura, consta somente uma plaquinha, indicando que o teatro da universidade ganhou seu nome: Sameul Beckett Theatre.

Saindo do Trinity e andando ao longo do belo e estranho rio Liffey, avista-se uma grandiosa ponte em forma de harpa, imponente, branca e bela: é a ponte em sua homenagem.

A placa diante dela me faz pensar o quanto Beckett odiava aquela ilha, fria e de uma ventania infinita. Nela está gravado: