quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

lata de sardinha


8 da manhã, estação Saint-Lazare da linha 13 do metrô. Antes mesmo de chegar na plataforma do trem, fiscais avisam: "favor aguardarem uns instantes". Acidente, problemas técnicos, alguém passando mal? Enquanto esperamos, mais e mais pessoas chegam e se acotovelam nos estreitos corredores. Tudo, claro, acompanhado de um quase inaudível "pardon".
Vejo que o fiscal se mexeu - oba, ele vai nos liberar! Aberta a porteira, a boiada corre rumo aos vagões lotados do trem que acaba de chegar na estação. Nada de acidente, nada de problema técnico: a linha 13 é essa "dilícia" todos os dias. As pessoas se empurram quase imperceptivelmente, e quando os olhares se cruzam, a desculpa salta: não fui eu, foi o cara aqui do lado. Pra entrar no vagão, aquele drama. O calor lá dentro se contrasta com os -2 do lado de fora.
A hora passa, vou chegar atrasada na minha aula, hoje tenho prova, ai, é melhor entrar assim mesmo. Entro e mais gente entra e todo mundo começa a suar, a franzir a testa, a dizer uh-lá-lá! De dentro, puxei assunto com a moça que me olhava fixamente. Dureza, disse. Ela concordou com olhar. Fora esse longo papo, ninguém mais deu uma palavra até o destino final. Silêncio, silêncio, mesmo quando o maquinista parava no meio do trilho escuro e dizia que era pra gente esperar ainda mais.
Sei lá, mas morando no exterior a gente sente umas saudades estranhas. Vontade que deu de mandar um "bora motô" ou "calma aí, gente", "vamo que vamo" e outras expressões que só a gente conhece. Mas me calei - atitude esperada - e fiquei pensando no circular que eu pegava voltando do ballet às 6 da tarde. Gritaria, empurra-empurra, calor de verdade, sovacos vencidos, síndrome da mão alheia, loucura. Transporte público é sempre transporte público!