De 20 de
julho a 20 de
agosto o rio Sena se transforma em mar e a calçada vira areia. Com
barraquinhas, piscina, aulas de dança de salão e
duchas que produzem nuvens de água, a nona edição do Paris
Plages acaba fazendo a cabeça de quem não pôde viajar. Tudo bem que o sol não ajuda muito e custa a aparecer, mas até que dá pra arriscar um
bíquini e um sorvete de melão.
O mais curioso é apreciar os barcos que passeiam pelo Sena repletos de turistas. A cada um que passa, vejo as mãozinhas nervosas do turista dando um tchauzinho pra quem está estirado na areia. Do barco, os turistas observam e fotografam o que vêem. Do meu puf macio, me sinto uma espécie exótica. Eles passam, observam nosso comportamento, riem, fazem comentários ao pé do ouvido, às vezes gritam até e saem em busca de novas espécies. O condutor do barco explica tudo: "aqui vocês podem observar pessoas aproveitando o sol em esteiras de borracha, com sorvetes de cor laranja na mão, blá, blá, blá".
Levanto a cabeça, observo e comento com o marido. Arrisco um discurso que vai da banalização do turismo, passa pela idéia de falta de privacidade e termina em uma análise do comportamento no mundo contemporâneo. Mas o marido nem liga. Ele me olha, dá um risinho de lado e me sugere continuar minha palavra cruzada.