Entrei na sala de cinema e esperei ansiosamente pelo começo do filme - 15 minutos, para ser bem precisa. Quando a primeira cena surgiu, entrei na pele do protagonista e não quis mais sair. Durante 1 hora e meia, eu, sendo ele, voltei aos anos 20 e conheci todos os artistas da época: Buñuel, Dalí, Picasso, Hemingway, Cole... Todos juntos e misturados, falando comigo, me dando dicas de escritura, de amor, de vida.
Passeei com eles pelos lugares de sempre, nos bares, nos cafés, até à Torre Eiffel fomos juntos! E quanta chuva! Paris sem chuva não é Paris! Então, caminhamos também debaixo de chuva, cantando e gritando que a vida de agora, dos anos 20, é bem melhor que essa dos dias atuais...
O filme acabou, minhas lágrimas rolaram e eu não saí do personagem. Do lado de fora, a chuva caía e a noite - a meia noite - me convidou prum passeio à toa pela cidade.
Encontrei Beckett, vi Joyce e até dei um tchauzinho pro Villa-Lobos. Dormi e sonhei com Wilde.
Paris é mesmo uma festa: todos os personagens que fizeram e fazem a história ainda estão aqui, circulando pelas ruas, discutindo filosofia e falando bobagens. Os bares são os mesmos, as ruas nem mudaram nada, as fachadas, a graça e a beleza da cidade continuam aqui, intactas.
Mas o tempo de hoje... Ah! Como eu queria ter vivido nos anos 20!
Que tempo mais vagabundo esse agora, que escolheram pra gente viver!