Fui à
Dublin atrás dos traços do meu escritor Samuel
Beckett. Mas eles são discretos, discretíssimos. É preciso
advinhá-los, talvez até mesmo exumá-los como se fossemos grandes
detetives. Beckett tinha horror à publicidade, fugia de tal maneira das
aparições públicas que até a cerimônia de
entrega do prêmio Nobel que ganhou em 1969 ele esnobou.
Começar pelo
local de seu nascimento seria o mais lógico. O problema é que sua casa de nascimento
não existe mais e a que ele viveu na adolescência é habitada por pessoas ordinárias que, digamos, também não gostam de câmeras nem holofotes. Conclusão:
impossível conseguir dar uma entrada na casa…. poxa, nem na portinha?
No Trinity
College (de 1592, fundado pela rainha Elisabeth I), onde ele estudou, foi
professor e ganhou medalha de ouro em literatura, consta somente uma plaquinha,
indicando que o teatro da universidade ganhou seu nome: Sameul Beckett Theatre.
Saindo do Trinity
e andando ao longo do belo e estranho rio Liffey, avista-se uma grandiosa ponte
em forma de harpa, imponente, branca e bela: é a ponte em sua homenagem.
A placa diante
dela me faz pensar o quanto Beckett odiava aquela ilha, fria e de uma ventania
infinita. Nela está gravado: