terça-feira, 2 de novembro de 2010

Bom Dilma, Brasil

Minha participação nesta campanha eleitoral foi pequena. Não li propostas de governo, não escutei as opiniões dos cientistas políticos, dos debates só acompanhei um e pela metade... Mas hoje saí de casa para exercer meu “direito obrigatório” ao voto. Apesar da participação à margem, as repercussões das campanhas de Dilma e Serra chegaram até mim e delas pude recolher os restos: discursos vazios, apelações, intrigas, sabotagem.

Sem muita informação, sem dados do governo anterior ou do atual e guiada somente pelos meus princípios e pela minha percepção da vida em sociedade nos últimos anos, saí de casa determinada a votar com justiça.

No caminho, o que na minha cabeça eram apenas burburinho e disse-me-disse foi tomando forma de decisão. Não sou petista. Não sou partidária. Mas sou humanista. Meu antigos canhotos de votação marcados com os nomes de meus então candidatos, me colocaram frente-à-frente com meu passado eleitoral. Redescubro que quase sempre votei em pessoas que acreditava que fossem trabalhar pelo bem comum, pela ética social. Pensei no Lula, de quem a biografia li em francês e em quem votei três vezes. E reconheço como deve ter sido difícil para alguns ter tido como líder da nação um homem do povo, sem instrução escolar, sem diploma superior. É fato que quando votamos em alguém, votamos também por identificação: esse fulano poderia me representar e representar todo o meu povo. E de repente, logo Lula pra me representar diante da Rainha da Inglaterra? Do presidente americano? Ah, que grande golpe no narcissismo de muitos foi ter Lula presidente.

Mas eu, como tantos outros, não sentia e não sinto vergonha, mas orgulho de tê-lo como presidente. Pela sua luta, pela sua proposta, mas sobretudo pela verdade do seu discurso. Pensei nas pessoas pra quem a vida melhorou: elas mudaram de classe, o acesso aumentou, a classe média engordou. É, nem sempre é fácil aceitar isso, principalmente pra aqueles que já eram da classe média e que não ganharam mais dinheiro... mas viram os pobres sentarem-se ao seu lado na revendedora de carros.

A classe média (e média alta) viu o “pobre” disputar com ele uma vaga no curso de um novo programa de computador, eles se cotovelaram na fila do financiamento da casa própria. Alguns tiveram – pasmem - que aumentar o salário dos seus empregados. Surpreenderam-se quando o eletricista comprou um novo aparelho de som pro carro ou quando a faxineira passou a cobrar 5 reias a mais por dia de faxina pesada (chega às 8 vai embora às 18 – que folgada!).

A sociedade que um dia já foi escravagista, teve que olhar para o lado e enxergar que ali não tem um "pobre", a quem ele pode destratar porque é "pobre", a quem ele pode expulsar da loja porque não está de tênis mas de chinelos (são havaianas, mas aquelas antigas de tiras verde-água). A classe média e média alta teve que enxergar que ao lado dela tem um cidadão, com desejos, vontades e sonhos, até mesmo de consumo. Como ela. Como todo mundo.

Penso nisso e aperto o botão do futuro. Se as minhas opções são Serra ou Dilma, ora...

Sim, quero Dilma presidente.

2 comentários:

Maurício Vasconcelos disse...

ei fabi, tudo bem com vc e com o felipe? confesso que essa conversa de eleição já deu o que tinha que dar, mas como leitor do teu blog que sou, não deu pra ler e não me lembrar de certa reclamação que me fez sobre seu trabalho como concursada em contagem. acho sua conta muito pessoal e não me sinto no direito de contestá-la, mas acho que seria importante vc acrescentar a ela uma variável bem particular do pt, aquele monte de gente incapaz/ militante político entulhada numa instituição pública qualquer por conta de filiação partidária. ascensão por ascensão, tb foram pra classe média e realmente, pra essas pessoas, não acho fácil aceitar nada não. só espero que vc não seja do tipo de eleitor que justifica com o velho 'mas isso sempre houve', porque se for o caso, pode esquecer tudo o que escrevi.
saudades,
beijos

fabi disse...

Ei Mau! Saudades também! Veja, meu comentário surgiu em meio a uma série de ataques que recebi no facebook de eleitores do Serra.
É fato que o meu comentário ressaltou somente o lado romântico dessa vitória da Dilma.
Sei dos problemas, já os vivi na pele (VIDE CONTAGEM), mas confesso que desconheço a dimensão da confusão/corrupção que um governo tem (PT, PSDB, PMDB, etc).
Torço pelo govenro da Dilma, como torceria pelo do Serra.
Obrigada pelo comentário, de toda forma. Ele me põe pra pensar nessa visão romântica e inocente que às vezes a gente tem...
beijossss