o amor comeu os dias ainda não anunciados nas folhinhas.
comeu os minutos de adiantamento de meu relógio,
os anos que as linhas de minha mão asseguravam.
comeu o futuro grande atleta,
o futuro grande poeta.
comeu as futuras viagens em volta da terra,
as futuras estantes em volta da sala.
o amor comeu minha paz e minha guerra.
meu dia e minha noite.
meu inverno e meu verão.
comeu meu silêncio,
minha dor de cabeça,
meu medo da morte.
Um comentário:
Lindo! Adoro João Cabral.
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