sábado, 26 de fevereiro de 2011
sábado, 19 de fevereiro de 2011
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
domingo, 13 de fevereiro de 2011
o impossível encontro
Devo dizer que o contato com um povo diferente do nosso, que não partilha com a gente as mesmas atitudes diante de determinadas situações ou que não tem os mesmos hábitos que os nossos pode nos chocar e nos deixar em um estado de incompreensão total. As perguntas não cessam de se repetir: quem são essas pessoas? por que elas agem assim? por que respondem assado?
Bom, o fato é que desde que aqui cheguei, vivo num processo de tentar entender a lógica que faz funcionar o povo francês, que traz nas entonações da fala ou no caminhar apressado o peso de uma tradição que não consigo penetrar.
Na verdade, esse processo de compreensão dos franceses me parece tarefa interminável. Quando acho que os entendi, que decodifquei seus códigos e que compreendi seus sinais, levo uma bofetada e entendo que há um hiato que nos deixará separados para sempre.
Conhecer uma cultura, um povo, uma terra não é coisa pra alguns meses. Pode-se ficar anos numa cidade, viver séculos num país estrangeiro e ainda assim, não o compreender.
Há sempre algo na mentalidade de um povo que nos escapa, que passa batido e que por algum motivo estranho, nunca vamos compreender.
Aliás, digo bobagem: o encontro com o outro, estrangeiro ou não, sempre deixará lacunas. O encontro com o outro sempre carregará a marca de um impossível.
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
o nome dele é dudamel
Ele chegou um pouco tenso. As duas primeiras foram regidas de maneira comportada, compenetrada, reta. Os fracos aplausos que se seguiram foram, de acordo com o veredito do marido, devido à natureza musical: "muito difícil de entender pelo grande público", ele me cochichou no intervalo.
Um xixi rápido e lá estava eu, de volta com a bunda (já quadrada) na cadeira encoberta de veludo vermelho (nada confortável) da esplêndida Salle Pleyel, a sala de concertos mais charmosa da cidade. Estava a espera do desfecho final, tentando imaginar como aquele garotão de 29 anos, venezuelano e regente há 2 da Orquestra Filarmônica de Los Angeles, iria derramar seu dito talento na platéia exigente e "chique" que o aguardava.
Aí foi o tal negócio. O cara chegou, levantou os braços e daí em diante foi surpresa atrás de surpresa. Começou a me parecer impossível seguir aquela música sem abrir largos sorrisos ou emitir baixinho um delicioso "oh!" a cada gesto novo que saía dele.
Regeu como nunca tinha visto. Era um repertório tradicionalíssimo, sem maiores segredos, mas ele conseguiu tirar da orquestra um som outro, uma emoção diferente, um brilho criativo. Durante várias passagens regeu com a sobrancelha e num certo ponto, desceu os braços e ficou só admirando a orquestra brilhar. Mas, certamente, quem brilhou foi ele.
A platéia não perdoou. Como nunca tinha visto antes por aqui, me vi diante e literalmente diante, da platéia (quase) inteiramente de pé, aplaudindo durante seus habituais e ininterruptos 13 minutos.
O marido, exaltado, logo faz o segundo veredito importante da noite: "esse cara é demais! ele vem do novo mundo"!
Sugeri tietar. Esperamos o regente pop na saída dos artistas e ele não decepcionou! Já chegou de braços abertos e ao nos ver mandou um "hola!" extasiado. Eu também não decepcionei e já mandei um "belíssimo" e saquei logo minha caneta preta de tinta de canetinha, prum autógrafo-tietagem-canastra.
Pra detalhar melhor o concerto, o programa foi:
Adams
Bernstein (sinfonia número 1)
Beethoven (sinfonia número 7)
E posso dizer que foi uma delícia, prum dominguinho besta e frio como aquele.
http://liveweb.arte.tv/fr/video/Dudamel_dirige_le_Philharmonique_de_Radio_France_et_le_Bolivar_Youth_Orchestra/
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