sexta-feira, 22 de abril de 2011

beckettiana

sei que não sou eu,

é tudo o que sei,

longe,

o que é longe,

nenhuma necessidade de estar longe,

talvez ele esteja aqui,

nos meus braços,

meus braços,

não sinto braços em mim,

se pudesse sentir alguma coisa em mim,

seria um ponto de partida,

um ponto de partida,

ah se soubesse rir,

sei o que é,

devem ter me dito o que é,

mas não sei fazer,

não devem ter me mostrado como se faz,

deve ser uma coisa que não se aprende.

In: O Inominável, Samuel Beckett (1906/1989)

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