domingo, 26 de fevereiro de 2012

dias felizes

A ironia de Beckett volta à cena! Winnie é a personagem que está enterrada da cintura pra baixo, que dirige sua fala incessante à um marido taciturno, que nunca aparece no seu campo de visão.

Ela passa seus dias a proferir as mesmas falas, a evocar as lembranças de sempre e a repetir os mesmos gestos. Entretanto, o monologo de Winnie nunca é monótono.

A irreverência de Beckett não é amarga nem desiludida, mesmo que o tema central da peça nos remeta sem parar ao vazio existencial que nos assola.

Winnie testemunha a eterna luta do ser humano face à sua condição decadente e vazia de sentido.

Mas, atencâo, nada de tristeza por aqui!

O humor de Beckett é maravilhosamente sórdido, mas jamais amargo, absurdo ou obscuro!

"Dias felizes", peça de Samuel Beckett, até dia 29 março no Thêatre de la Madeleine!!!!!!


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

rimando bobagens

Por você eu estava viciado
era um amor desenfreado
sem fronteiras, ilimitado
que me deixava atordoado.

Então, em um dia ensolarado
para lá de abençoado
eu havia confessado
que estava apaixonado.

Mas você ficou calado,
acho que apavorado
e, sentindo-se pressionado,
tratou de dar o seu recado.

Você havia me negado
E eu, me sentindo rejeitado,
por você ter me desprezado
mantive meu coração encarcerado.

Mas depois de muito cigarro mentolado
De muito poema parafraseado
Olhei para o lado
E vi que tudo tinha acabado.

Só depois disso constatado
é que percebi, embasbacado
que o nosso amor meio tarado
havia sido por mim alucinado.